Quem somos
"Uma convivência das mais diversas pessoas, unidas pelo amor recíproco, fundamento da nossa espiritualidade"
Chiara Lubich
Inaugurada oficialmente em 1972, a Mariápolis Ginetta é uma entre vinte e cinco pequenas cidades espalhadas ao redor do mundo. São modelos de uma convivência de comunhão inspirados pelo ideal da unidade de Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares.
“Mariápolis” significa cidade de Maria. É o nome de um evento histórico que nasceu na década de 1950: um encontro de alguns dias para quem quisesse conhecer o espírito e o estilo de vida do Movimento.
Esta Mariápolis, uma das três aqui no Brasil, recebeu o seu nome em homenagem a Ginetta Calliari, uma das primeiras representantes do Movimento dos Focolares no Brasil; deve-se a ela um grande reconhecimento pela difusão do Movimento em nosso país.
Centro de formação para a Cultura da Unidade, a Mariápolis foi idealizada como o esboço de uma nova sociedade. Inspirados na arte do encontro, mediante o diálogo constante, todos os que passam por aqui buscam construir uma grande família, que colabora para a construção da fraternidade universal.
Saiba mais em nosso vídeo institucional
As Mariápolis
“(...) construir uma pequena cidade que reflita e encarne o próprio pensamento, foi muitas vezes o sonho de quem possuía uma forte filosofia, uma ideologia ou uma corrente espiritual na Igreja. E cada pequena cidade construída tem, ou teve, a sua palavra para dizer ao mundo...
Qual é a característica das nossas cidades, as Mariápolis? A vida! E esta não é, logicamente, uma vida normal ou apenas, uma vida cristã. A Mariápolis vive, porque nela resplandece Aquele que disse de si: ‘Eu sou a vida’”. Chiara Lubich
Conheça as Mariápolis
em todo o mundo
Os moradores
“Mariápolis Ginetta: uma cidade ‘nova’ com casas, escolas de formação, atividades de trabalho, um polo industrial... 400 pessoas de todas as idades, de diferentes vocações, condições sociais, convicções religiosas. São numerosas famílias, pessoas consagradas, leigos atuantes em várias realidades culturais e sociais. Muitos moram ali, (em vês de: muitos moram estavelmente) outros, principalmente jovens, passam um período para se aprofundar na espiritualidade da unidade e ser ‘fermento’ de renovação social nos ambientes onde vivem.
Na Mariápolis encontram-se os mais variados semblantes e sotaques: os seus habitantes provêm de todo o Brasil. Mas não só: também são da Itália, de Portugal, do Paraguai e outros países. Todos têm um sonho, um grande ideal: concretizar, numa localidade, o projeto de uma sociedade alicerçada na fraternidade e na igualdade.
Aqui, cada tijolo poderia contar uma história maravilhosa que começou 50 anos atrás. É uma pequena cidade, sempre em construção, um sinal profético. Muitos disseram: ‘Assim deveria ser o mundo; se esta vida se espalhasse, cairiam todas as barreiras, as divisões, os conflitos’; ‘Aqui existe a felicidade. No momento em que tínhamos perdido a esperança, nós a encontramos. Aqui existe esperança para todos’.
É um povo que deseja reviver a experiência dos primeiros cristãos, fundamentando a sua vida no esforço de concretizar o Evangelho.”
A Lei da Mariápolis
Toda cidade tem um código de vida, uma lei. E assim é também a Mariápolis Ginetta, que tem como lei o amor mútuo pedido por Jesus aos seus discípulos. A vida de cada habitante baseia-se num pacto, o pacto de amar o outro como Jesus nos amou.
Chiara Lubich propôs esse pacto da seguinte forma:
“Jesus, sabemos que na primeira Quinta-feira Santa da nossa história cristã, surgiu um teu desejo, o mandamento que iria distinguir os teus seguidores: o Mandamento Novo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Pois bem, com a tua graça, com a caridade que o Espírito Santo infundiu em nossos corações, queremos prometer-te que desejamos fazer do teu mandamento a Lei dessa cidade. Por isso nos comprometemos a nos amarmos uns aos outros como tu nos amaste…” (Chiara Lubich, 13 de maio de 1980 – Loppiano)
Chiara Lubich e a Mariápolis Ginetta
Chiara Lubich visitou algumas vezes o Brasil e em 1991 e 1998 esteve na Mariápolis Ginetta. Foram visitas que marcaram duas etapas importantes na história do Movimento dos Focolares do mundo todo: o nascimento da Economia de Comunhão e do Diálogo com a Cultura.
1991
Surge o projeto "Por uma Economia de Comunhão", que envolve pessoas, grupos e empresas numa proposta econômica cujo ponto central é a pessoa; uma sociedade baseada na cultura da partilha. Nasce a seguir o Polo Spartaco, concretização desse projeto que é uma contribuição para erradicar a pobreza e suas consequências no mundo.
1998
“É preciso que surjam obras como esta para mostrar que este caminho é possível. Vocês são a expressão concreta desse mundo novo... Os antigos diziam: “As palavras voam, os escritos permanecem, os exemplos arrastam”. São as palavras de André Franco Montoro, que vislumbra no Movimento e na vida dessa pequena cidade a semente de uma nova configuração social.
É inaugurada a Igreja de Jesus Eucaristia, um sonho de Chiara Lubich, que Ginetta torna realidade junto a um grupo de profissionais residentes da Mariápolis e outros voluntários.
Desde 1972 a relação da Mariápolis Ginetta com as instituições religiosas, sociais e políticas do município de Vargem Grande Paulista, foi se ampliando e intensificando cada vez mais. Em sua última vinda, Chiara recebe o título de Cidadã honorária de Vargem Grande Paulista e expressa que “...a melhor maneira para retribuir esta homenagem é oferecer o espírito, a espiritualidade que a impulsiona desde que surgiu este Ideal de amor. (...) através da Mariápolis, onde este Ideal é plenamente concretizado. (...) para levar este espírito de amor a todas as outras cidades do Brasil. (...) Portanto, doa-lhes como presente a Mariápolis.”
Ginetta Calliari
“Quando cheguei em Recife,
no dia 15 de novembro de 1959,
foi um choque, para mim,
ver a desigualdade social,
esta divisão entre ricos e pobres,
esta discriminação,
esta fome que se lia no rosto de todos, esta miséria, esta insensibilidade
por parte dos ricos em relação aos pobres.
E disse a mim mesma: Aqui não é possível ficar passivo.
Alguma coisa deve mudar.
O que deve mudar?
O homem.
Pensei: são necessários homens novos
para que nasçam estruturas novas,
e conseqüentemente, cidades novas,
um povo novo”.
Ginetta Calliari
Ginetta Calliari e seu chamado a servir
Naquele dia 10 de março, o último adeus a Ginetta Calliari é “uma festa, festa do céu na terra”, como testemunha Lia Brunet, que com ela viveu a aventura dos primeiros tempos do Movimento, junto com Chiara. “Desde a manhã desfila um mar de pessoas, um ‘povo’ de todas as vocações: desde bispos até crianças; todas as categorias sociais: dos agricultores aos deputados, dos empresários aos jornalistas”.
E tudo aconteceu numa ‘cidade nova’, a Mariápolis Araceli (hoje, Mariápolis Ginetta), coração do vasto Movimento do Focolares que se desenvolveu em todo o Brasil: uma cidadezinha com casas, escolas, um pólo empresarial, onde se procura anular a distância entre ricos e pobres. “Nasceu num terreno – como conta a própria Ginetta – onde existia somente uma casa de pau-a-pique, sem água e sem luz elétrica, longe de tudo.
Mas, a certeza – como lhe havia sugerido Chiara – de que ali deveria surgir esta cidade, nos deu a coragem de seguir em frente, dia após dia, com a ajuda extraordinária da Providência de Deus, que chegava sempre no momento certo, fazendo-nos experimentar a sua paternidade”.
Quem visita a Mariápolis Ginetta – como aquele jornalista da RAI que entrevistou Ginetta – tem a impressão de que aquela cidadezinha seja um sinal profético de uma futura cidade.
E Ginetta confirma isto sem hesitação:
Acredito nisso, não tenho dúvidas. Vejo como aqueles que vêm aqui – e são muitos os que vêm nos visitar – ficam impressionados e comentam: “Assim deveria ser o mundo. Se esta vida se espalhasse, desmoronariam todas as barreiras, as divisões, os conflitos.
“Aqui existe a felicidade. Pensávamos que a felicidade não existisse. No momento em que tínhamos perdido a esperança, a encontramos. Aqui existe esperança para todos”.
Desde o primeiro momento, logo que chegamos ao Brasil, sentimos claramente que somente Deus poderia resolver os problemas sociais. Quando a sua Palavra tiver transformado o coração dos homens – dos ricos, dos governantes, de todos. Isto porque, tirar de onde sobra e colocar onde falta, somente Ele poderia fazer.
Somente Deus! Não um Deus abstrato, relegado aos céus, mas aquele que aprendemos a ‘gerar’ entre nós, vivendo as palavras de Jesus: “Onde dois ou mais estão unidos em meu nome, Eu estou no meio deles” (Mt. 18,20). Então, o nosso empenho é testemunhar Deus, presente numa comunidade de pessoas prontas a dar a vida umas pelas outras. Ele haveria de nos ensinar o caminho.
Entre o coro de mensagens e telegramas enviados por personalidades civis e religiosas de todo o país pelo falecimento de Ginetta, o vice-presidente da República, Marco Maciel, recorda como ela, em 1959, deu início a um Movimento que hoje incorpora cerca de 250 mil pessoas em todo o território nacional:
“Não poderia deixar de registrar neste momento, o meu testemunho em relação a esse trabalho admirável de fraternidade e amor ao próximo, cujos resultados, no campo social, trouxeram tantos benefícios à população mais carente de nosso país”.